TRAVESTILIDADES E TRANSEXUALIDADES NO CANDOMBLÉ E NA EDUCAÇÃO: UM ENSAIO A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i39.6364Palavras-chave:
Tradições no Candomblé, Educação escolar, Travestilidades e transexualidadesResumo
A presença de pessoas trans no Candomblé e na sala de aula tem reivindicado que as comunidades de culto e da formação docente reconheçam o corpo material dos sujeitos da experiência religiosa e da relação de ensino-aprendizagem para além dos essencialismos naturalizados como tradições. Da mesma maneira que na comunidade de culto, o corpo material importa para as relações que nela se estabelecem; na educação o corpo que aprende também importa para se pensar como ele aprende e o que ele ensina nas relações de alteridade. Nosso objetivo é refletir como as tradições podem ser ressignificadas a partir de uma discussão sobre as nossas vivências, com base em narrativas da história do candomblé e também da experiência educativa com travestilidades e transexualidades. A ancoragem teórica dialoga com as obras de Ruth Landes (2002), Judith Butler (2015) e Emmanuel Lévinas (2010). O ensaio se caracteriza como uma reflexão sobre as vivências dos autores com os sujeitos mencionados em tela. O resultado da discussão constitui-se como um aporte para o debate público e educativo com travestis, transexuais e pessoas transmasculinas no Candomblé e na sala de aula, em prol da vida e da felicidade dessas pessoas.
Downloads
Referências
BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Trad. Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de cultos afro-brasileiros. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1977.
CASTILLO, Lisa Earl. Entre a oralidade e a escrita nos candomblés da Bahia. Salvador: Edufba, 2008.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Trad. Ephraim Ferreira Alves. 17ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.
EPICURO. Carta sobre a felicidade: (a Meneceu). Trad. Álvaro Lorenceni e Enzo Del Carratore. São Paulo: Unesp, 2002.
FOUCAULT, Michel. Os Anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
GAMA, Elizabeth Castelano. Uma trajetória de muitas histórias: João da Goméia e o conflito entre Candomblé e Umbanda nos “anos dourados”. XXVII Simpósio Nacional de História: conhecimento histórico e diálogo social. Natal-RN 22 a 23 de julho de 2013. Disponível em: <http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364840767_ARQUIVO_TextoAnpuh.pdf > Acesso em: 13/10/2019.
HOBSBAWM, Eric J.. Introdução: A invenção das tradições. In: HOBSBAWM, Eric J.; RANGER, Terence (orgs.). Trad. Celina Cardim Cavalcante. 9ª ed. A invenção das Tradições. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
LANDES, Ruth. A cidade das mulheres. Trad. Maria Lúcia do Eirado Silva. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2002.
LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós: Ensaios sobre a alteridade. Trad. Pergentino Stefano Pivatto (coord.). Petrópolis: Editora Vozes, 2010.
LORENCINI, Álvaro; CARRATORE, Enzo Del. Introdução.EPICURO. Carta sobre a felicidade: (a Meneceu). Trad. Álvaro Lorenceni e Enzo Del Carratore. São Paulo: Unesp, 2002.
LOURO, Guacira Lopes (org.). Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2010
NERY, João W. Viagem solitária: memórias de um transexual trinta anos depois. São Paulo: Leya, 2011.
OLIVEIRA, Amurabi Pereira. Gênero, sexualidade e diversidade no currículo escolar: a experiência do papo sério em Santa Catarina. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 11, n.18, p. 131-151, jan./abr., 2015.
OLIVEIRA, Paulo Henrique; SPINOLA,Carolina de Andrade ; REIS, Renato Barbosa. As interfaces entre patrimônio cultural africano do bairro Cabula em Salvador-BA e a perspectiva dos seus moradores. Revista Iberoamericana de Turismo - Ritur. Penedo, v. 6, n.1, p. 4-21,
jan./jun., 2016
PRECIADO, Beatriz. Manifesto Contrassexual. Trad. Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1 edições, 2014.
PRECIADO, Paul B. O que é a contrassexualidade? HOLLANDA, Heloisa Buarque de. (org.) Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
RIOS, Roger Raupp; RESADORI,Alice Hertzog. Direitos humanos, trasnsexualidade e “direito dos banheiros”. Direito & Práxis. Rio de Janeiro, vol. 6, n.12, p.196-227, 2015.
RODRIGUES, Nina. O animismo fetichista dos negros baianos. Apresentação e notas Yvonne Maggie e Peter Fry, Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/ Editora UFRJ, 2006.
SALES, Adriana. Travestis brasileiras e escolas (da vida): cartografias do movimento social organizado aos gêneros nômades. 2018. 310 f. (Doutorado em Psicologia) Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Sociedade, Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Estadual Paulista Júlio De Mesquita Filho, Assis, 2018.
SANTOS, Juana Elbein dos. Os nàgò e a morte: Pàde, Àsèsè e o Culto de Égun na Bahia. 4ª edição. Petrópolis, 1986.
TEIXEIRA, Maria Lina Leão. Lorogun - identidades sexuais e poder no Candomblé. In: MOURA, Carlos Eugênio Marconde de (Org.). Candomblé desvendando identidades: novos escritos sobre a religião dos orixás. São Paulo: EMW Editores, 1987.
THORNTON, John. A África e os africanos na formação do mundo atlântico,1400-1800. Trad. Marisa Rocha Mota. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.