A memória afro diaspórica feminina como metodologia para pesquisa em educação
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v17i48.9269Palavras-chave:
Educação, Memória feminina diaspórica, Metodologia da pesquisaResumo
O artigo apresentado pretende, de forma preliminar, discutir a importância do uso da memória feminina diaspórica e das narrativas em entrevistas sobre as vivências de mulheres negras, enquanto fonte privilegiada para intepretação das nuances de suas vidas relacionadas aos processos de educação. As lembranças, a partir das narrativas de mulheres negras sobre determinados contextos do passado escravista até os dias atuais, constituem uma prática libertadora ao se posicionarem durante os registros dolorosos sobre a família e o cotidiano, marcado pela opressão e exclusão social. Quanto mais melanina suas peles refletem, mais forte e incisiva é a rejeição de suas existências, provavelmente por seus corpos negros retintos estarem associados historicamente à ancestralidade africana. Embora sejam inúmeras as possibilidades de análise para a pesquisa em Educação, com o uso da oralidade e memória escrita, sugerimos alguns caminhos metodológicos para arguição das informações. Como por exemplo, a pesquisa qualitativa compreensiva proposta por Crusoé (2014) e Amado; Crusoé (2017), com base na análise de conteúdo de Bardin (2011; 1977). Para escrita deste trabalho utilizamos alguns teóricos que serão apresentados ao longo do texto, tais como: Le Goff (1994); Nora (1993); Pollak (1989); Evaristo (2016; 2007), Moreira (2007); Fonseca e Souza (2006); Jesus (2000); Geertz (1978); Barreto (2018); Candau (2019); Streck (2006); Delgado (2007); Bosi (1994); Clark (2019); Figueiredo (2009); Soares (2006); Maldonado-Torres (2018).
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